Para começar, gostaria de dizer
que é possível encontrar resenhas dos livros do Eduardo Spohr em diversos sites
e blogs por aí. A maioria das resenhas que eu li a respeito das obras dele
falava muito bem da fluidez narrativa e da versatilidade dos personagens,
dentre outras coisas. Há também alguns lugares onde é possível encontrar textos
apontando oportunidades de melhoria e fazendo críticas construtivas, e é claro,
endereços virtuais com textos que visam apenar depreciar o autor e atacá-lo
diretamente, ao invés de abordar as obras do mesmo com olhar crítico e
discernimento. Ossos do ofício, acredito eu. Faz parte, e é preciso saber lidar
com isso, pois nem mesmo lendas como Tolkien e Cornwell agradaram a todos.
Portanto, resolvi não escrever
uma resenha, mas uma lista com cinco motivos para você ler as obras deste
autor. Claro que por essa abordagem já fica evidente que gosto e muito dos
livros dele. Mas, mesmo sendo fã (#semprefuifã), tentei escrever usando mais a
razão do que o coração, pois o objetivo não é dizer a vocês o quanto eu gosto
do universo criado pelo autor, e sim explicar sucintamente os principais
motivos pelos quais eu acredito que seja uma ótima ideia apostar em um de seus
livros para sua próxima leitura.
Nota: as palavras abaixo expressam
apenas o meu ponto de vista, portanto, não tenho como afirmar as verdadeiras
preocupações e inspirações do autor.
1 - Não é "apenas" um
universo sobre anjos e demônios.
Uma das principais qualidades de
suas obras, ao meu ver, é a preocupação com os porquês. Percebe-se um claro
esforço em ligar pontos e questionamentos que são inerentes a todos que se
interessam por mitologia em geral. Unindo anjos e demônios à mitologia
oriental, deuses nórdicos e diversas
outras criaturas e divindades de outras crenças espalhadas pelo globo, a obra é
não somente versátil, mas dinâmica. Você pode acompanhar uma cena de luta entre
um anjo celeste e uma divindade mitológica oriental, e alguns capítulos depois
ser convidado a imergir num mundo de fadas célticas. E não, não pense que tudo
isso é fruto de uma loucura incoerente do autor. Pois os pontos se conectam e
as regras do universo são explicadas de maneira que não fique maçante ao leitor.
2 - O Brasil existe, por que
negar?
Muitos autores já trabalharam em
obras que mesclavam universos fantasiosos e criaturas lendárias com o nosso
mundo atual e as regras da nossa realidade, mas o Brasil é pouco abordado na
maioria das histórias. É claro que a Europa tem seu charme e o Japão é o palco
dos samurais, mas não se esqueçam que nosso país também tem seu valor, tanto
pelo seu povo quanto por suas belezas e cultura. Já estava na hora de ver
nossas terras tendo alguma importância em um romance de proporções globais
(nesse caso, universais). Alguns autores nacionais vêm conseguindo incluir o Brasil de maneira muito interessante em suas obras, e isso é excelente! E aquela cena logo no começo de ABdA, com os
personagens na estátua do Cristo Redentor é simplesmente... bom, sem spoilers!
3 - Não é Preto no Branco
Se você gosta e consome conteúdo
relacionado a anjos e demônios, você provavelmente já leu algum livro ou
história em quadrinhos, assistiu algum filme ou série, ou mesmo compareceu a
peças de teatro sobre o assunto. E você já deve ter as personas angélicas mais
célebres bem sólidas em sua mente, certo? Miguel, com sua honra e coragem
inabalável, Lúcifer, mesquinho e belo enquanto anjo, mas um horrendo monstrengo
enquanto demônio. Bom, isso é normal, mas tente desconstruir um pouco alguns
conceitos. Muito disso será visto, mas não pense nos personagens como se tudo
fosse "Preto no Branco",
porque eles são muito mais profundos e tem muito mais a oferecer do que
simples conceitos já previamente construídos e apresentados por outras mídias
acerca do mesmo tipo de assunto.
4 - As Cenas de Ação
Sei que nem todo mundo gosta de
ler cenas de luta muito detalhadas. Eu, como bom fã de Cavaleiros do Zodíaco e
outros animes, desenhos e filmes de ação, gosto muito desse tipo de cena, com
golpes que tem nome e combates épicos, daqueles que deixam crateras enormes no
chão e fazem reverberar o som estridente do metal de duas espadas místicas se
chocando. Mas as cenas de ação destes livros não estão resumidas à pancadaria. Tem
cenas de perseguição dignas de cinema, momentos de tensão envolvendo feitiçaria
e suspense, e situações onde os personagens mal se movem, mas suas palavras
cortam tanto quanto um duelo de espadachins, tão bem elaborados são os
diálogos.
5 - Não se prende fielmente aos
conceitos bíblicos e aos estudos de terceiros
É evidente que foi necessário
muita pesquisa e estudo para se escrever tais livros, mas não pense que você
vai encontrar uma releitura bíblica, apenas com cenas e tramas mais detalhadas.
O autor teve sim preocupação em manter muitos conceitos importantes, mas ao
mesmo tempo se deu a liberdade de criar todo um universo novo, com
características específicas às castas angélicas, suposições plausíveis para
catástrofes bíblicas, e outras coisas que fazem muito sentido dentro do
universo criado pelo próprio autor. Ou seja, tudo foi explorado de modo que
mesmo o "conhecido" pudesse trazer novidade, e a mitologia foi explorada
de maneira muito fluída, facilitando a imersão, convidando o leitor a fazer
parte daquele universo.
Bom, é isso, espero que gostem, e
não deixem de apoiar os autores nacionais de fantasia, cada vez mais conhecidos
tanto no cenário nacional, quanto no resto do globo.
See ya!
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